sábado, 31 de janeiro de 2015

Dar a partida no i8 é descobrir que não se trata de um veículo “qualquer”. Um som metálico é o sinal para o motorista saber que o veículo está pronto para sair. Nos primeiros metros, é estranha a sensação de estar em movimento e não ouvir o barulho de um motor. Basta pressionar o acelerador com um pouco mais de vigor para ver o 1.5 turbo acordar. Trata-se da mesma base do motor que equipa o Mini Cooper, de código B38. Porém, além da potência maior (231 cv, contra 136 cv do Cooper), o propulsor do BMW tem ronco muito mais encorpado. Se no Mini ele é tímido, no i8, mais lembra um V8. Sem exageros, o propulsor grita forte e alto, impondo respeito, e fazendo esquecer que trata-se de um motor compacto. O resultado não poderia ser outro, senão retomadas vigorosas, mesmo quando só o motor a combustão está funcionando. Nas ocasiões em que o elétrico é acionado, a entrega de força é imediata, isso porque os 25,5 kgfm de torque são entregues imediatamente. Durante o teste, não foram percorridos trechos sinuosos, porém, em rápidas mudanças de faixa em rodovias, a direção do i8 se mostrou precisa. Por outro lado, em manobras urbanas, ela é bastante leve. Ao contrário de outros esportivos, o i8 utiliza pneus estreitos pare um veículo desta categoria, de medida 195/50 na dianteira e 215/45 na traseira. As rodas são de 20 polegadas. Tudo para melhorar o consumo, diz a marca, já que pneus mais estreitos possuem menor área de contato com o solo, reduzindo o atrito. Ao volante, a diferença é praticamente imperceptivel
Se a mecânica do esportivo representa uma nova opção para veículos do gênero, o visual do i8 está anos-luz à frente de rivais, com um design exuberante, quase que extraído de um veículo dos filmes de Hollywood. Na dianteira, o capô baixo, com faróis afilados e grandes fendas para entrada de ar, com elementos de plástico preto e azul, conferem ao esportivo um ar "invocado", mas ainda assim, característico da BMW. A sensação é replicada olhando lateral e traseira do veículo. Esta última merece atenção especial, mostrando a personalidade do veículo ao dividir o conjunto ótico com uma passagem de ar. As luzes de seta ficam na porção superior, enquanto as demais luzes ficam abaixo.
Até as portas são diferentes: elas possuem abertura para cima, do tipo tesoura. Só assim para facilidar a entrada em um veículo tão baixo. Com tanta "modernidade", o resultado não poderia ser outro. O i8 chama atenção por onde passa. É impossível passar despercebido rodando por Miami, cidade tomada por Ferraris e Lamborghinis. Durante o teste, houve até um homem que quase parou seu SUV no meio da rua para tirar uma foto. Enquanto o i8 era fotografado, próximo a uma escola, um grupo de estudantes se aproximou e um deles perguntou qual era o motor do esportivo. Ao responder que se tratava de um híbrido com motor 1.5 turbo de três cilindros, a surpresa, quase decepção, foi evidente. Mas bastou citar alguns números do desempenho do esportivo para acalmar o estudante, que logo pediu para fotografar o carro.
Talvez, a maior ousadia no interior seja a disposição das saídas de ar-condicionado. A porção central é única, enquanto o passageiro possui duas seções com ajustes independentes. O restante da cabine tem visual mais conservador, similar ao dos demais veículos da marca. Estão lá a tela multimídia bem horizontal com seletor no console para controlar as funcionalidades, os comandos do ar-condicionado digital de duas zonas, as teclas de memória para estações de rádio (ou quando o GPS está ativo, as rotas salvas), seletores de modo de condução e a alavanca de câmbio que lembra um joystick. Tudo muito parecido com o interior do hatch compacto Série 1, que custa 7 vezes menos. Mas isso não significa que os materiais e a montagem sejam ruins. A combinação couro, aço escovado e plástico de boa qualidade é complementada por fileiras de LEDs azuis espalhadas pela cabine. Azul também é a cor dos cintos de segurança, do mesmo tom dos detalhes nos para-choques. Tudo isso marca a identidade visual da marca BMW i.
Os maiores incômodos em relação ao i8 estão relacionados ao espaço. Em teoria, o modelo transporta até quatro pessoas. Mas quem viaja nos “bancos” traseiros, está submetido a uma sessão de tortura, tamanho é o aperto da cabine. Os assentos são baixos, deixando o quadril abaixo da linha dos joelhos, enquanto o teto é baixo, deixando uma sensação desconfortável. A melhor recomendação é utilizar o espaço para abrigar as malas que não couberem no compartimento de bagagens. Bolsas Louis Vuitton criadas para o BMW i8 (Foto: Divulgação) Bolsas Louis Vuitton criadas para o BMW i8 (Foto: Divulgação) O porta-malas é localizado na traseira, e acomoda míseros 154 litros. Se preferir, o endinheirado dono pode encomendar da Louis Vuitton um conjunto de quatro malas, que podem ser acomodadas tanto no porta-malas como no banco de trás. O preço? O kit é vendido por R$ 77,1 mil, mais do que um Honda Civic LXR. Conclusão Numa época de busca por eficiência energética e fontes alternativas de combustíveis, os esportivos acabaram tachados de “vilões”, com grandes, beberrões e poluentes motores a gasolina. Tentando reverter este quadro, marcas como Porsche e Ferrari apostaram suas fichas em novos superesportivos híbridos. Porém, ainda ostentam enormes motores gastões como principal fonte de energia. A BMW fez o contrário com o i8. Colocou um motor elétrico, com autonomia suficiente para o cotidiano da maior parte das pessoas e “complementou” o esportivo com um pequeno, mas feroz motor 1.5 de três cilindros. O i8 não é o carro mais potente ou veloz já feito. Mas, ao mesclar um visual sem precedentes com um eficiente conjunto híbrido, o BMW entrará para o hall dos veículos que, no futuro, serão lembrados por serem vanguardistas.

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