domingo, 1 de fevereiro de 2015

AVALIAÇÃO: HONDA CIVIC SI

Nem bem retornou ao mercado, o carro mais esportivo da Honda a venda no Brasil esgota nas lojas e emociona por onde passa
O Si do sobrenome, que significa “Sport Injection”, bem poderia ser Si bemol. Como a sétima e aguda nota musical, é ali, na faixa vermelha do painel de rotações, dos 7mil rpm que o cupê começa a entregar a sua potência máxima. Dali segue até o timbre mais alto, nos 7.500 giros, onde há o corte. Música para os ouvidos quando cheio, seu novo motor é um 2.4 16V de 206 cv a 7.000 giros e 23,9 kgfm a 4.400 rpm. É um propulsor maior que o de seu antecessor, e que anda melhor em baixos giros graças ao torque mais vitaminado em relação ao original, que à época (2011) vinha equipado com um 2.0 de 192 cv a 7.800 rpm e 19,2 kgfm a 6.100 giros. Não há substituto para deslocamento, diria Walter Bentley muito tempo atrás. Regido pelo maestro, ou melhor, pelo duplo comando de válvulas iVTEC, o motor aspirado com corpo de alumínio tem faixa de torque ampla, aproveitada por um câmbio manual (como manda o testamento) de seis velocidades, curto e com engates precisos que de tão alucinante convida o motorista a trocar de marchas a todo instante. A transmissão conta ainda com um diferencial de deslizamento limitado, LSD (Limited Slip Differencial) responsável por mandar mais força para a roda com mais aderência, fechando a trajetória nas curvas.
Já o controle de estabilidade, VSA (Vehicle Stability Assist) é o que segura a fera quando se entra com mais vontade nas curvas, fazendo o esportivo de tração dianteira espalhar a frente mesmo com a ação do LSD. Com o botão do controle de tração desligado, a tocada do esportivo fica mais divertida, mas exige domínio de seu condutor. A todo instante você é lembrado de que está atrás do volante do Si. Não como espectador, mas como regente. Pelo para-brisa dá para ver um musculoso capô e ressaltados para-lamas, enquanto pelo retrovisor interno se avista o imenso aerofólio na tampa traseira. O painel de instrumentos escancara um enorme marcador de rotações e luzes que se acendem, a partir dos 5 mil giros, para indicar o trabalho do comando iVTEC. Ali, quando o último LED se acende, é hora de trocar de marcha. Um espetáculo bom de ver e ouvir. A suspensão é firme sem abrir mão do conforto. Todos viajam confortáveis a bordo do Si, mas o carro balança um pouco em curvas de alta velocidade. Característica de esportivos, sua altura livre do solo é pequena, o que o faz raspar em valetas e lombadas quando não se toma o devido cuidado. SAIBA MAIS CIVIC SI EM NOSSA PISTA DE TESTES NOVO OU USADO: CIVIC SI 2015 X CIVIC SI 2011 VÍDEO: SUBARU WRX STI E HONDA CIVIC SI Há dois meses nós o levamos para a nossa pista de testes (matéria que você confere no link à esquerda). De tão afinado, o recém-chegado mostrou do que é capaz em relação ao antecessor acelerando de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos, bem menos do que os 8,5s que o modelo fabricado entre 2007 e 2011 precisou para chegar à mesma velocidade. Nas ruas, os limites de velocidades não permitem que você abuse tanto assim, mas a emoção é garantida mesmo em momentos efêmeros como nas saídas de pedágios rodoviários e ultrapassagens. Outros números que chamaram a atenção foram os de consumo. Em trecho urbano o Civic fez 9,4 km/l, enquanto no rodoviário a média foi de 13,8 km/l.
No interior, nada de luxo ou requinte. Com peças bem alinhadas e acabamento honesto, o espaço é suficiente para quatro adultos (desde que os de trás não tenham mais do que 1,70 m de altura). Os bancos de tecido são bicolores e macios, mais do que os feitos de couro e também agarram melhor. O traseiro é bipartido e conta com encosto de cabeça e cinto de três pontas para todos os ocupantes. O piso não tem ressalto elevado, o que facilita a acomodação das pernas, mas a caída do teto estilo cupê inviabiliza pessoas altas a viajarem atrás. Os comando estão bem localizados, porém a simplicidade fica estampada na falta de iluminação em todos os botões, luzes que fazem falta também no porta-luvas e até nos espelhinhos dos parassóis. De série, estão presentes ar-condicionado digital, direção elétrica, vidros elétricos (só o do motorista com função um toque) e travas elétricas. Seis airbags para motorista e passageiro (frontais, laterais e de cortina), barras de proteção lateral, freios a disco com ABS e EBD e rádio com CD, USB e função Bluetooth. Além das funções de áudio, dá para ver a câmera de ré pela tela de sete polegadas sensível ao toque. Só não há sensor de estacionamento. O acabamento do volante (multifuncional) e da alavanca de câmbio é de couro. Já o banco do motorista tem regulagem de altura, enquanto o volante ajusta a altura e a profundidade.
O Honda Civic Si não é mais o mesmo carro que parou de ser fabricado nacionalmente em 2011, quando levava toda a família para viajar. O importado que agora habita entre nós é um cupê egoísta, mas harmonioso, e que emociona quem o vê passar e quem o dirige. Feito para quem não está nem aí para a sogra ou para os amigos do peito, é pensado para gosta de ouvir a bela sinfonia produzida pelos instrumentos metálicos escondidos debaixo do capô. É verdade que as revendas já venderam todas as 100 unidades do primeiro lote importadas ao Brasil. Mas é difícil dizer que o cupê da Honda seja a melhor opção do segmento. Muito pelo seu preço de R$ 119.900, muito pelo rival, o Golf GTI, que custa R$ 103.890. De todo modo, se sua intenção é comprar um carro desse nicho espere pela próxima temporada de espetáculos, em 2015, quando deve chegar às lojas a nova remessa do Si. Porque mais do que o preço em si ou do que alguns concorrentes de peso, existem coisas únicas na vida. Como assistir à um bom show musical ao vivo, e acelerar o Civic Si. Ficha Técnica Motor: Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, comando duplo, gasolina Cilindrada: 2354 cm³ Potência: 206 cv a 7.000 rpm Torque: 23,9 kgfm a 4.400 rpm Transmissão: Manual de seis velocidades, tração dianteira Suspensão: Independente McPherson na dianteira e Multilink na traseira Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás Pneus: 225/40 R18 Dimensões: Comprimento 4,550 m; Largura 1,755 m; Altura 1,415 m; Entre-eixos 2,620 m Capacidades: Tanque 50 l; Porta-malas 330 l Peso: 1.359 kg

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